domingo, 4 de março de 2012

Twisted Metal



Existem certas séries neste vasto e prolífero mundo dos videogames que simplesmente ficam para trás. Sejam elas protagonizadas por samurais famosos de um Japão feudal, sejam elas de garotas vestidas de colegial fugindo de um maníaco com aquela enorme tesoura de jardinagem. Twisted Metal está mais ou menos no meio dessa corja. Mais ou menos porque podemos considerar TM Head On, lançado para PSP e posteriormente para PS2, um jogo relativamente novo. Mas convenhamos: o último TM realmente bom de verdade apareceu no PS2 e num longínquo 2001.

Twisted Metal Black foi um sucesso absurdo e tenho boas lembranças dele como um todo (usar Paint It Black do Rolling Stones como música tema foi sublime). Tinha tudo que os dois melhores da série, TM 1 e 2 (lançados para PSX em 95 e 96, respectivamente) traziam em baciada: jogabilidade deliciosa, cenários gigantes e um carro mais doentio que o outro. Além, claro, daquele clima de sanatório que cada motorista ostentava em seu semblante de forma tão orgulhosa.

Bom, acho que muita gente não está habituada ao gênero de destruição de carros, famoso nos anos 1990.Twisted Metal se trata de uma arena/cidade/matadouro/estádio de futebol onde motoristas ensandecidos dirigindo veículos absurdos se degladiam até somente um permanecer inteiro. Essa nova iteração da série, intitulada somente Twisted Metal (esse lance de dar o mesmo nome a um jogo diferente é algo que me deixa irritado), tenta trazer os momentos áureos da série e introduzir um elemento pouco explorado (ou muitas vezes inexistente) nos capítulos anteriores: o multiplayer online.

Antes de começar a falar do game em questão, quero deixar claro que esta análise não diz respeito aos capítulos 3 e 4 da série, pois estes não só foram responsáveis por extinguir fãs fervorosos como também de quase levar tudo para o buraco. Acredite, esses dois jogos são tão ruins que até mesmo David Jaffe, criador da saga, exaltou sua indignação em diversas entrevistas (entenda, o cara não foi responsável por ambos. Coisas de direitos autorais e problemas em subsidiárias da Sony).


O insano conto de Sweet Tooth, o palhaço

Os pontos altos de todos os Twisted Metal sempre foram seus motoristas e veículos. Especialmente no caso doBlack, que contava em detalhe a história de seus mais de 15 competidores. A premissa básica de todos eles é mais ou menos parecida: Calypso, um dos donos do mundo (e também a reencarnação do próprio demônio) realiza de tempos em tempos um campeonato onde veículos devem destruir veículos. Seja em uma arena repleta de armadilhas mortais, seja em uma cidadezinha pacata onde muitos vivem o verdadeiro sonho americano. Ao vencedor, a realização de um desejo. E nesse lance bem gênio da lâmpada, com “seu desejo é uma ordem” e tudo.

Partindo daí dá para se ter uma idéia dos tipos que ingressam na insana competição. Já tivemos personagem da estirpe de um No FaceMr. Slam ou Axel, dirigindo seu porsche, trator e rodas gigantes. Apesar de os carros se manterem, seus motoristas sempre mudavam. Não havia continuação entre enredos, somente todo o lance ao redor de Calypso e seu campeonato. Outlaw, Spectre, Thumper, Roadkill e Shadow são todos carros muito famosos na série que tiveram seus motoristas alterados jogo após jogo. Com exceção de três deles: o palhaço gordo e horroroso Sweet Tooth, a bizarra mulher com máscara de porcelana Doll Face e o motoqueiro do infernoMr. Grimm.

Diferentemente de Black, este novo jogo nos oferece em seu modo história apenas três motoristas para nos divertimos. Podemos escolher seus veículos à vontade, pois só quem está atrás do volante muda efetivamente.Clowns, DollsSkulls e Holy Men constituiem os grupos rivais presentes. Esse sistema de facções veio em conseqüência a premissa do jogo ter sido toda construída tendo partidas online como carro-chefe. Isso não funciona muito bem, devo ressaltar, pois é extremamente estranho ver Doll Face dirigindo o famoso furgão-sorveteria branco com bolinhas rosas de Sweet Tooth. Ou ver o palhaço assassino dirigindo a moto de Mr. Grimm. É uma questão de costume, sim, mas isso limitou a história e nos ofereceu apenas três capítulos que de tão bons, nos deixam com um gosto de quero mais inegável.

Dentro do modo para um jogador, a campanha se sobressai. Começando com Sweet Tooth, acompanhamos como um sorveteiro pai de família se transformou em um serial killer dos mais violentos. As seqüências que desenvolvem o enredo são todas realizadas com atores reais, com uma linguagem que lembra muito os filmes de Zack Snyder, como 300 e Sucker Punch. São excepcionais e você sem dúvida não conseguirá parar de jogar até ver todas. De Sweet Tooth passamos para Mr. Grimm e dele para Doll Face. Há aí no meio a intervenção do pastor possuído que lembra muito Brimstone, um dos mais queridos de TM Black. Mas, infelizmente, não há uma narrativa própria para o pastor demoníaco.


O caos reina

Calypso desafia seus competidores em provas diversas. Nas mais rotineiras, você se verá em uma cidade enorme – e a ênfase para o enorme não poderia ser maior – cheia de populares em seus afazeres diários prontos para serem atropelados. Você está livre para ir para onde quiser e fazer jus aos sessenta quadros por segundos constantes que temos mesmo quando outros quinze competidores dividem espaço com você. Há uma riqueza de detalhes em todos os cenários, e aqui destaco Adventure Park e Los Angeles Skylines, com a possibilidade de invadir a Calypso Interprise. A primeira vista os gráficos podem parecer simples, mas é só jogar algum tempo para sentir os detalhes e a imensidão das arenas. Todos os cenários, sem exceção, trazem muitos locais secretos para serem descobertos e uma infinidade de rotas alternativas para despistar aquele tanque de guerra que insiste em te perseguir.

Espalhados pelas ruas, supermercados, vielas, igrejas e estádios de futebol estão seu arsenal, que será imprescindível na hora do confronto. Conhecidos pelos fãs como mísseis teleguiados, mísseis poderosos, napalms e bombas com detonador remoto juntam-se a novidades como snipers, mísseis stalkers e tiros de escopeta. Isso tudo somado ao fato de cada veículo trazer não só um, mas agora dois especiais totalmente distintos. Eles são bem diferentes um do outro (e estes se recuperam com o tempo) e, em alguns casos, a diferença é tão extrema que chega a ser meio desleal. Imagine você que o furgão de Sweet Tooth se transforma em um robô no melhor estilo Transformers e pode até mesmo voar pelos cenários.

Além do mata-mata desenfreado, há agora uma espécie de Mario Kart demente aqui. O cenário é o seguinte: todos os veículos têm em seu motor uma bomba prestes a explodir. Quem cruzar o desfiladeiro e chegar até o outro lado do canyon primeiro, detona o veículo de todos os outros competidores. A bagunça que se gera nessa situação é linda de se ver.

Uma novidade que chegou com o sistema de facções são as garagens. Antes de ingressar em uma partida, você pode escolher até três veículos. Durante a batalha, você sempre terá a opção de ir até esse ponto de descanso para trocar seu instrumento de guerra. Gostei bastante dessa opção e nas dificuldades mais elevadas é praticamente impossível vencer sem utilizá-la. Aliás, a dificuldade Twisted é digna de levar moleques aos prantos e de causar até mesmo certas dependências químicas nos mesmos.

Vencer partidas nos condiciona medalhas e elas sempre estão relacionadas ao seu tempo. Bronze, prata ou ouro para aqueles que destruírem seus adversários o mais rápido possível. Vale destacar que a inteligência artificial dos veículos inimigos continua tão boa quanto em Black ou TM2, onde os malditos muitas vezes roubam aquele seu medkit minutos antes de você o alcançar. Tais medalhas servem basicamente para você ser bonificado com melhores prêmios e carros. Conseguir uma medalha de ouro em um cenário difícil, como Diesel City, vai lhe render o carro Shadow, por exemplo.

Por falar em Shadow, que é um dos veículos remanescentes dos primórdios da série, uma trupe nova dá as caras: Death Warrant é um quatro rodas leve e rápido, que traz como especial uma metralhadora giratória muito eficaz; Meat Wagon (particularmente meu preferido) é uma ambulância que tem o péssimo hábito de encher seus pacientes com bombas e arremessar em seus adversários; Talon é sem dúvida o mais distinto das novidades, pois se trata de um helicóptero com jogabilidade própria e a possibilidade de usar um imã gigante para levar seus comparsas a locais, além de vários outros. Cheguei até a ler no twitter de David Jaffe (o cara é muito gente boa e muito atuante por lá), que teremos Mr. Slam como DLC um dia...


Aquela velha sensação de estarmos controlando um personagem sobre rodas está de volta nesse novo Twisted Metal. A jogabilidade é basicamente a mesma de Black, e isso é ótimo, devo ressaltar. Continuam as barras para turbo e especiais, e no caso desta última, agora é mais fácil realizá-las. Antes, para soltar um gelo em seu adversário, era necessário uma seqüência de setas no digital pad. Agora basta apertar um botão. O mesmo para o escudo temporário e as minas terrestres. Excelente escolha. Não tão boa foi a de executar um boost em seu turbo empurrando o controle pra frente e fazendo você lembrar que o Sixaxis existe. Desnecessário.

A trilha sonora vem muito semelhante aos jogos anteriores, só que desta vez há uma mistura de composições próprias e músicas de bandas famosas. Ouvir aquele Rob Zombie ou aquela desgraceira do Sepultura enquanto os adversários voam pelos ares combina tanto quanto o gangasta rap rolando solto destoa de você invadindo o Museu de História Natural em Manhattan. Mas, claro, o gosto vai de jogador para jogador.

Há diversos comandos e você sem dúvida irá querer dar uma passada na sessão de treino antes de encarar o modo história e, principalmente, o multiplayer online, o qual, em teoria, seria o maior chamariz do jogo, mas acaba sendo uma das experiências mais frustrantes dos últimos mil anos.

Host Start Glitch

Você pode perfeitamente dar uma de nostálgico, chamar três amigos e dividir a tela de sua LCD de 60 polegadas em quatro. Você fez muito isso em TM Black e este continua sendo o cenário ideal para jogar Twisted Metal com seus amigos. Durante todo o tempo que estive compartilhando experiências com Sweet Tooth, Doll Face e cia, vivi uma relação de amor e ódio. Amor porque, evidentemente, adorei o jogo. Adorei a volta da série, a insanidade das histórias, os cenários incríveis e gigantescos e, especialmente, aquela jogabilidade extremamente funcional. Ódio porque é muito, muito difícil conseguir ingressar em partidas online.

Após concluir o modo história com todos os personagens, ver os dois epílogos, tentar alguns daqueles desafios do tipo “quantos você mata antes de morrer” e se enlouquecer tentando conseguir medalhas de ouro na dificuldade Twisted, você vai querer ingressar no modo online. É a coisa natural a se fazer. Mas, infelizmente, você, logo de cara, irá se deparar com uma enorme pedido de desculpas dos produtores do jogo. “Estamos cientes de todos os problemas e estamos fazendo de tudo para arrumar as coisas o mais rápido possível”. A mensagem é mais ou menos essa.

Antes de precisar os problemas, vou falar sobre os modos de jogo. Há, claro, o mata-mata desenfreado onde até 14 veículos podem se confrontar em qualquer arena disponível no game; há um modo de times, onde Clowns, Dolls, Skulls e Holy Men se dividem para se combaterem entre si; há o modo Caçador, onde todos devem perseguir um único veículo e aquele que o derrotar será o novo algo e há o modo mais bacana de todos, o Nuke, onde times devem destruir a estátua gigante da equipe adversária.

Num dos cenários mais sensacionais do jogo (as batalhas contra chefes são sensacionais), você deve derrotar um robô gigante de Doll Face. Para isso, seu arsenal padrão não é o suficiente e você irá precisa da ajuda de uma ogiva nuclear móvel, dessas que vemos a cada esquina.Trata-se de uma caminhão-tanque enorme, com uma espécie de boca metálica na parte de trás. Para disparar a bomba nuclear, você deve sacrificar o líder da facção inimiga. Todo esse conhecimento adquirido no modo campanha é aplicado no modo Nuke. Diversão garantida.

Diversão garantida caso você consiga entrar em uma partida. O maior problema deste jogo está justamente onde ele deveria ser mais divertido. Os lobbys de espera das partidas online de TM estão repletos de jogadores extremamente frustrados muitas vezes esperando mais de uma hora – repito em bom tom: UM HORA – para conseguirem ingressar em uma única partida. Eu não cheguei a esse extremo, mas foi quase lá. Não posso culpar minha conexão de internet que, apesar de não ser das melhores, vem me proporcionando horas e horas de diversão no multiplayer da demo de Mass Effect 3.


Conversei bastante com jogadores nos chats de espera e encontrei muita gente simplesmente enfurecida com o jogo. Pior, encontrei gente triste por ter gostado tanto assim da volta da série mas simplesmente não conseguir começar as partidas. O mais crítico disso tudo é que a galera está debandando de Twisted Metal e temo que um patch de atualização chegue tarde demais (um novo patch, quero dizer, pois já foram dois desde o lançamento).

Mas que fique claro o seguinte: tudo funciona perfeitamente bem assim que o jogo começa. Consegui participar de partidas em todos os modos de jogo e nunca tive problemas com taxa de quadros por segundo ou queda da conexão. Sorte, talvez, pois muitos jogadores relatam que simplesmente são expulsos das salas. E nessas conversas descobri também esse tal de Host Start Glitch, onde o criador da partida simplesmente não consegue inicia-la quando a quantidade mínima de jogadores é alcançada. Enfim, uma tristeza sem tamanho.

Eu espero de coração que os caras da Eat Sleep Play consigam arrumar esses problemas o quanto antes pois, definitivamente, trata-se de algo que compromete o todo. Este jogo foi feito para ser curtido online e não oferecer um serviço decente põe tudo a perder. Nem mesmo oferecer Twisted Metal Black de forma totalmente gratuita consegue amenizar as escaras resultantes de tanta frustração.

por: william santana

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